segunda-feira, 2 de março de 2009

TOUR 2008 (Dia 9)


MARSELHA -> FEZ -> MARRAKECH

Depois de mais uma noite a dormir no aeroporto, apanhámos, o avião das 6:20h com destino a Fez. Chegámos por volta das 7:40h. Pela primeira vez na vida íamos pisar o solo de outro continente, que não o europeu (já tinhamos estado em Istambul, no ano passado, na fronteira entre Europa e Ásia, mas apenas permanecemos no lado europeu) Desta vez não ficamos apenas pelas vistas, e pisámos mesmo, outro contintente ! Por breves instantes lembrei-me de Neil Armstrong, ao pisar a lua pela primeira vez, "One small step for man, a giant leap for our backpacker life ", pensei eu. Ali estávamos nós em Marrocos! A nossa porta de entrada em África. Depois da burocracia normal, com os serviços fronteiriços do aeroporto, e de mais um carimbo no passaporte, saímos e fomos apanhar um autocarro para o centro de Fez. A nossa aventura em terrenos marroquinos ía começar. Após breves minutos de espera, lá apanhámos um autocarro completamente velho, enferrujado e a cair aos bocados, e onde a lotação ía aumentando a cada paragem, tornando-se a partir do meio da viagem, numa autêntica lata de sardinhas, com os passageiros a acotevelarem-se uns aos outros, á falta de uma campainha eficaz, para fazer parar o autocarro, nas respectivas paragens (esta já devia estar avariada a anos!) o bater constantemente contra o tejadilho e o berrar incessantemente, serviam de sinal correspondente. Como íamos na parte de trás do autocarro (sim, porque o normal por estas "bandas" é entrar pela porta de trás do autocarro!) e devido a confusão que se gerava, sempre que o autocarro parava , mantivemo-nos aí, e não fomos a "banca" dos bilhetes, que ficava um pouco mais a frente. Mas também, diga-se de passagem, que não fizemos grande esforço em passarmos a confusão, para ir comprar o respectivo bilhete, com a esperança de uma "borla", na mente, bem ao "estilo tuga"! Mas como no final da viagem, já ao sair vimos um revisor a conferir os bilhetes a todos os passageiros (pelo menos aos marroquinos), e como a saída só se efectuava pela porta da frente, decidimos voltar para trás para comprar os bilhetes , só que ao chegarmos lá , o bilheteiro recusou-nos vender o bilhete e deixou-nos sair sem termos de comprar o bilhete. Vantagens de ser turista ocidental em Marrocos! Já fora do autocarro, dirigimo-nos a estação de comboios de Fez, a fim de confirmar os horários dos comboios para Marrakech, e de tentar guardar as nossas mochilas num cacifo, ou noutro lugar semelhante. Só que estes não existiam, logo tivémos de carregar com as mochilhas o dia todo, ainda por cima, debaixo de um sol abrassador! Ainda na estação tivemos a oportunidade de assistir a uma discusão típicamente marroquina, onde parece que quanto mais alto se fala, mais razão se tem! ( mas vendo bem as coisas, estas discusões aos berros de Marrocos não são muito diferentes, das que se passam em Portugal , ou não fossemos nós, também descendentes destes.) Também aqui, despedimo-nos da nossa "amiga" marroquina, que acompanhara-nos desde Marselha. Estava na hora desta regressar a Rabat, para junto da sua familia. Depois de um breve descanso, á sombra das palmeiras da estação , partimos em direcção ao centro de Fez. Após umas pequenas voltas pelas ruas circundadantes da estação, e de diversos pedidos de informação aos locais, no nosso francês macarrônico , lá encontramos a avenida principal , que levava-nos a medina. Uma avenida cheia de palmeiras, rodeada pelos edifícios mais importantes da cidade. No final da avenida, já as portas da medina, fizemos mais uma breve pausa, para descansar do peso das mochilas, e aproveitar a sombra e a relva, de um pequeno jardim. Já mais "frescos", entrámos finalmente no interior da mediana. A viagem , a verdadeira "essência" de Marrocos, ía começar! Ao entrarmos na medina começamos logo a ser "bombardeados" por marroquinos, a procura de turistas (otários) para fazerem "negócios"....que em Marrocos é normalmente, o sinónimo da palavra "ser aldrabado !" Tendo um de nós (o Vieira) caído na manha, de um destes "artistas" , que se disponha a fazer de guia, de forma gratuita, pelo interior da medina. Guia que no final do dia, acabou-nos por sair bastante caro! Como não queria perder-me, no meio da labiritinca medina, tive de ceder e ir arás deles. Aqui, a conversa, sobre a nossa nacionalidade, e sobre futebol serve de engodo perfeito para os mais desprevenidos. Ainda por cima como somos ambos do F.C.Porto, a conversa sobre o marroquino Tarik Sektioui veio logo a baila. Seguindo-se a conversa típica de aldrabão graxista , "tu pareces marroquino!" ( para o Vieira) , já o teu amigo ( que era eu) "parece australiano! ". Ao longo da viagem ainda fui comparado aos tuaregue, (que segundo este têm a pele mais branca que os restantes marroquinos) , e ao jogador Peter Crouch, devido a ser alto e magro como ele. Estes marroquinos têm "escola toda "! Com este guia feito á pressão, que constantemente insistia em dizer que era nosso amigo, andámos as voltas pelas ruas manhosas da medina. De vez enquando lá parávamos, em supostos locais de interesse turístico tais como; fornos comunitários, balneários públicos, cemitérios, portas de mesquitas e claro está, oficinas de artesanato, na esperança que fossemos comprar qualquer coisa, o que haveria de acontecer. Numa dessas oficinas/loja de tapetes (foto) e depois de oferecerem-nos um chãzinho de menta, tivemos direito; a uma sesão de apresentação de tapetes, digna de uma tele-vendas, e a um vendedor, que ficou com um ar ameaçador, após termos baixado significativamente (cerca de um quinto do pedido) o preço de um tapete. Acusando-nos em seguida, de estarmos a matar o povo berbere, com tal atititude! Por fim acabámos por ceder, e lá comprámos um tapete. (Também diga-se de passagem, que a dada altura, começámos a ficar tão fartos de todo "aquele cenário", que o nosso principal objectivo, era sair o mais rápido possivel dali, e de preferência sem grande "estrilho" ! )


Já com o tapete na mochila, e sempre acompanhados pelo nosso "guia" ,fomos dar mais umas voltas, antes de apanharmos um "petit táxi" (transporte típico por estes lados, que consiste na sua maioria em FIAT´s Unos velhos, pintados de vermelho ) para o outro lado da medina,. Sim, porque a medina de Fez é tão grande que chega a ter kilometros de ruelas, e perder-nos numa delas, não é uma tarefa nada complicada! Já dentro do nosso "petit-taxi", e após um pequeno rali, pelas ruas estreitas , lá chegamos a uma das famosas tinturarias. Local povoado por enormes tanques, onde são tingidos os mais diversos tipos de peles. Lixo, restos de animais e peles, e mau cheiro, surgem de todos lados. Seguiu-se então a "volta do costume", pelas interminávies ruelas da mediana. Aqui a "paisagem" é quase sempre a mesma; casas, oficinas, entradas de becos e lojas, onde vende-se de tudo e mais alguma coisa, misturam-se de uma forma tão aleatória e desorganizada, que por fezes é impossível distinguir onde começa uma, e onde acaba outra! A maioria destas ruelas são tão estreitas, que é impossível passar qualquer tipo de carro, logo o transporte de mercadorias tem que ser feita, com a ajuda de carros de mão ou de animais, normalmente burros, o que origina um grande rasto de escrementos, ao longo do seu percurso. Como não poderia deixar de ser o nosso "guia", levou-nos a mais uma fábrica de artesanato , na esperança que fossemos comprar (mais) qualquer coisa. Só que estes, não tiveram a mesma sorte, dos "gajos dos tapetes"! (Os donos ainda ofereceram-nos uma bebida de lata, como "engodo", mas desta vez o tiro saiu-lhes pela culatra!) Seguiu-se então, nova investida do nosso "guia",a outro estabelecimento comercial marroquino , agora calhava-nos na "rifa" uma espécie de farmácia . Prateleiras, até ao tecto, cheias de ervas, pós, e pedras, metidas, dentro de frascos de vidros. Ali estava a solução para qualquer tipo de doença, segundo o "nosso farmacêutico" de serviço. Um puto, que devia ser mais novo do que nós , (mas já) todo "armado em doutor" ! Dali também, não levámos NADA! ( Não é dificil de concluir que estes "guias" estão todos feitos com o pessoal das lojas ) Finalizada a visita a esta parte da medina, e com a hora do comboio para Marrakech a aproximar-se , lá tivemos que abrir os "cordões a bolsa", e pagar o nosso "guia" , pelos seus supostos serviços(?). Como não podia deixar de ser ,fomos para a estação, a bordo de um petit-taxi ! Por volta das 14:30h apanhámos o comboio para Marrakech. Viagem que durou cerca de 8 horas, e na qual tivemos a oportunidade de compartilhar os bancos com diversas pessoas, desde uma marroquina com música árabe aos berros no telemóvel, um engenheiro marroquino que trazia um saco, com a merenda completa de casa e que teve a delicadeza de oferecer-nos tâmaras, (mas apenas as 19:00, porque era a hora que terminava o ramadão), um romeno que já vivia em Marrocos a muitos anos, e que "dominava" bastante bem o futebol internacional , futebol português inclusive, (Este até conhecia o C.D.Nacional e o C.S.Marítimo!) entre outros. Finalmente, por volta das 22:30h, chegámos a Marrakech. Já á saída da estação, tivemos o "previlégio" de assistir a um assalto de um individuo numa mota, ao saco de um transeunde, e de uma perseguição a esta, por motas, e pelos carros dos populares, que tinham presenciado a cena. O ladrão acabou por ser apanhado, levou uns valentes "açoites", e o saco foi devolvido ao respectivo dono. Uma chegada a Marrakech, bem ao estilo de um filme de Hollywood! Já com os animos mais serenos, apanhámos (mais uma vez) um petit-taxi, para o centro da cidade. Conversa puxa conversa com o taxista, e como nós não tinhamos reservado nenhum lugar para pernoitar, este recomendou-nos um hotel, mesmo no centro da cidade a dois passos da praça principal, onde acabámos por ficar. Hotel que revelou-se bastante agradável, e recomenda-se a quem visitar Marrakech ! http://www.riadomar.com/ Check-in feito, deixámos as mochilas no quarto, e fomos dar uma volta pelas proximidades. Como estámos na altura do ramadão, a esta hora, as ruas encontram-se cheias de gente, e a música ecoa alto e em bom som, por todo o lado. Sendo a praça de Jemaa El Fna, o ponto central disto. Lugar onde assiste-se, a um redopio infernal de motas, sendo preciso uma atenção de 360º á praça, de forma a evitar problemas maiores. Finalmente, e já com o cansaço a "bater" do longo dia que tivéramos, decidimos regressar ao hotel para o merecido descanso .... Ainda por cima íamos dormir numa cama , o que já não acontecia a dois dias!

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